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"Coisas", Moacir Santos (1965)

Atualizado: 31 de mai.

O Moacir Santos (1926-2006) é um personagem muito especial da música brasileira. Começou a tocar desde muito cedo, ainda no sertão pernambucano, e teve uma vida nômade viajando por muitas cidades até se fixar no Rio de Janeiro em meados da década de 1940. Nessa época ele se estabeleceu como instrumentista da Rádio Nacional, e começou a estudar formalmente com importantes maestros como Claudio Santoro, César Guerra-Peixe, H. J. Koellreuter etc. Poucos anos após o início dessa temporada de estudos, Moacir foi contratado como maestro efetivo da Rádio Nacional, trabalhando como arranjador, compositor e regente em inúmeras produções. Moacir também teve grande importância como professor de inúmeros músicos brasileiros, como Baden Powell, Paulo Moura, Sergio Mendes, João Donato, Raul de Souza, Bola Sete, Dori Caymmi etc. Nos anos 1960 ele começou a atuar como compositor de música para cinema, e sua primeira trilha musical ocorreu por indicação de João Gilberto para o filme Seara Vermelha (Alberto d’Aversa), baseado na obra de Jorge Amado. Em 1965, aos 39 anos, Moacir Santos lançou o LP Coisas, seu primeiro disco. Esse LP possui 10 músicas que transcenderam seu tempo, intituladas de “Coisa nº 1”, até a de nº 10. As dez Coisas foram concebidas e arranjadas para uma formação não tão usual para o universo da música popular, além de uma seção rítmica expandida (baixo, bateria, percussão, violão/guitarra, piano e vibrafone), Moacir utilizou em sua orquestração um grande naipe de sopros (flauta, saxofone alto, saxofone tenor, saxofone barítono, trompete, trombone tenor, trombone baixo e trompa). É digno de nota que tanto essa instrumentação quanto os próprios temas já eram apontados em suas trilhas musicais, como se ele estivesse testando sua paleta de “cores”. Em 1967, mudou-se para os Estados Unidos após ter composto a trilha musical do filme Love in the Pacific (1968), do diretor Zygmunt Sulistrowski. Nesse novo país, ele estabeleceu uma longeva carreira, lançando discos por importantes gravadoras, como a Blue Note e a Discovery Records, além de continuar sua prática docente. A partir dos anos 1990 é que se iniciou um longo movimento de resgate de sua produção por meio de diversas ações importantes. Esse processo ganhou muita força com os projetos de Mario Adnet e Ze Nogueira: entre 2001 e 2005, foram lançados dois álbuns com compilações de composições de Santos (Ouro Negro e Choros & Alegria) e três livros de partitura (Coisas, Ouro Negro e Choros & Alegria). Nessa mesma época, o álbum Coisas, originalmente lançado em LP pela gravadora Forma, também foi relançado em CD pela MP,B e Universal Music. Isso acabou difundindo a música de Moacir Santos muito rapidamente, e, como resultado, músicos de várias gerações se interessaram por prestar suas próprias homenagens ao maestro.


Boa escuta!


FICHA TÉCNICA

Flauta – Nicolino Cópia

Sax Alto – Dulcilando Pereira e Jorge Ferreira Da Silva

Sax Tenor – Luiz Bezerra

Sax Barítono – Moacir Santos e Geraldo Medeiros

Trompete – João Gerônimo Menezes e Júlio Barbosa

Trombone – Edmundo Maciel

Trombone baixo – Armando Pallas

Cello – Giorgio Bariola, Peter Dautsberg e Watson Clis

Guitarra/violão – Geraldo Vaspar

Piano/órgão – Chaim Lewak

Baixo – Gabriel Bezerra

Bateria – Wilson Das Neves

Percussão – Elias Ferreira

Vibrafone – Claudio Das Neves

Produtor – Roberto Quartin

Diretor artístico – Wadi Gebara Netto

Técnico de gravação – Alberto Soluri

Capa – Tela de Patricia Tattersfield

Foto da contracapa – Pedro Morais


PAÍS

Brasil


TIPO DE SOM

Música instrumental brasileira


LINKS

Infelizmente não tem no Spotify e em outras plataformas de streaming grandes. Essa playlist no YouTube tem um compilado de vários canais. Escolhi essa pois em alguns lugares está com a ordem das músicas errada ou o vídeo ficou sem áudio por alguma restrição de direitos autorais.




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