Curadoria: Bia Cyrino
Boa noite pessoal, desculpem o atraso na postagem. Pra quem chegou essa semana, tem informações na descrição aqui do nosso grupo, com links pra playlist e lista de albuns compartilhados. Hoje a gente tem a indicação da Bia Cyrino, pianista, professora e coordenadora do curso de música da UNILA. No seu mestrado ela pesquisou sobre o grupo Som Imaginário e em seu doutorado pesquisou o músico Egberto Gismonti (que já ouvimos álbum aqui). E é justamente um trabalho do Egberto que ela traz pra gente ouvir essa semana. Segue o texto dela:
O álbum intitulado Egberto Gismonti foi lançado em 1969 pela gravadora Elenco/Philips na prestigiosa série “de luxe”. Os discos desta série, gravados por artistas específicos do mercado musical da época (especialmente da chamada MPB, sigla que se legitimava dentro da indústria musical do período), dispunham de um orçamento mais generoso e flexível. Trata-se do primeiro disco lançado por este que é uma figura extremamente representativa para a música brasileira. Escolhi este disco justamente por se tratar de uma produção de Gismonti que é pouquíssimo conhecida, bem como todos seus albuns lançados no início da década 1970. A produção deste disco esteve a cargo do músico bossanovista Durval Ferreira. A audição deste álbum pode ser surpreendente para os mais ortodoxos; nele combinam-se composições de Gismonti de diversos gêneros e estilos que estavam em voga na época. As referências do violão de Gismonti estão presentes nas faixas “Salvador”, “Estudo nº5” e “Tributo a Wes Montgomery”, todas instrumentais. O restante das faixas, com exceção de “O gato”, são experiências Gismontianas no âmbito da canção, forma que ele explorou profundamente no início da década de 1970. A canção “O sonho”, finalista de um dos festivais da canção, foi regravada por Elis Regina no mesmo ano. Egberto Gismonti -1969 apresenta-se então como uma ótima porta de entrada para expandir o conhecimento sobre a obra deste músico e compreender a vastidão de seu pensamento composicional até os dias de hoje.
Este disco fez parte do escopo de minha pesquisa de doutorado. Já estudava o contexto musical da transição das décadas de 1960 e 1970, e quando escolhi trabalhar com Gismonti por haver descoberto sua relação com a canção popular, não imaginava a amplitude e a riqueza de seu universo musical – muito além dos esteriótipos que são construídos para defini-lo. Suas experimentações da época apresentam uma grande liberdade imaginativa e são fontes de inspiração para músicos e musicistas contemporâneos que não sentem a necessidade de se fechar ou se auto-intitular “erudito” ou “popular”.
FICHA TÉCNICA
Wilson das Neves (bateria) e Sérgio Barrozo (contrabaixo). Participações de Durval Ferreira (violão) e Dulce Nunes (voz). Há uma orquestra no disco sem créditos na ficha técnica.
PAÍS
Brasil
TIPO DE SOM
Música brasileira/canção popular/música instrumental/etc...
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