"Peter Gabriel III: Melt", Peter Gabriel (1980)

Lucas Bonetti
há 3 horas
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Olá! Hoje trago uma indicação de Igor Lemos, que escreveu sobre "Peter Gabriel III: Melt", álbum de Peter Gabriel lançado em 1980. Boa leitura e boa escuta!

Nascido em 1950 na Inglaterra, Peter Gabriel é um renomado músico, cantor, compositor e ativista dos direitos humanos. Admirador dos Beatles e da soul music, foi influenciado pelo rock progressivo e alcançou fama como vocalista e membro fundador da banda Genesis no fim dos anos 1960. Seu talento como showman se destacou desde o início, como na apresentação de 1972, em Dublin, quando subiu no palco com um vestido vermelho de sua esposa e uma máscara de cabeça de raposa. Em 1975, sentindo-se aprisionado pela imagem de astro do rock, Gabriel decidiu deixar o Genesis para buscar liberdade criativa e novas formas de expressão. Essa transição artística se consolidou com o lançamento em 1980 de seu terceiro álbum solo, "Peter Gabriel III", também conhecido como "Melt". O disco marcou a separação definitiva com a sonoridade do Genesis, estabelecendo uma carreira inovadora para o artista.

Esse projeto, composto por 10 faixas, é resultado de intensas experimentações sonoras e arranjos incomuns, que combinam elementos de diversos gêneros como new wave, pós-punk, art rock e rock progressivo, além da marcante influência da música africana, presente em ritmos e percussões que trazem um enriquecimento sonoro. No campo temático, Gabriel aborda assuntos densos como paranoia, violência, isolamento, o impacto da tecnologia na sociedade, política, guerra e racismo. Dentre as faixas de destaque, “Intruder” inicia esse período da carreira solo, retratando a perspectiva de um ladrão que sente excitação ao invadir o espaço de sua vítima. A atmosfera tensa é construída pela bateria firme e repetitiva de Phil Collins, demonstrando um suspense na narrativa. Já “No Self Control”, com participações de Kate Bush e Phil Collins, traz uma base de marimba inspirada na música africana, evocando em certos momentos a figura do griot senegalês. A faixa trata da fragilidade mental, transmitindo sensações de paranoia, medo e desorientação.

“Games Without Frontiers” se sobressai por sua crítica à diplomacia internacional e aos conflitos armados, usando brincadeiras infantis como metáfora para ilustrar a imaturidade das disputas entre nações. Com arranjos baseados em bateria eletrônica e vocais de apoio de Kate Bush, a música foi o primeiro grande sucesso solo de Gabriel, alcançando o 4º lugar nas paradas britânicas. O álbum se encerra com “Biko”, um tributo a Steve Biko, ativista sul-africano antiapartheid morto sob tortura em 1977. A canção reforça o engajamento político de Gabriel e sua atuação em defesa dos direitos humanos, evidenciando o ativismo incorporado pelo artista. Por fim, o álbum "Peter Gabriel III" contendo som denso, com temas sombrios, marcada por batidas sem uso de pratos e atmosferas inquietantes, consolidou Gabriel como um artista ousado e fora dos padrões. O disco não apenas quebrou expectativas na época, mas com sua abordagem vanguardista, se tornou referência para músicos interessados em explorar os limites da música pop e do rock.

FICHA TÉCNICA

Compositor: Peter Gabriel

Arranjador: Não teve um arranjador creditado especificamente

Produtor: Steve Lillywhite

Engenheiro de áudio: Hugh Padgham

Músicos:

Peter Gabriel: vocal principal e de apoio, piano, sintetizadores e programação de bateria

Kate Bush: vocal de apoio

David Rhodes: guitarra e vocal de apoio

Robert Fripp: guitarra

Dave Gregory: guitarra

Paul Weller: guitarra