top of page

"Robson Jorge e Lincoln Olivetti", Robson Jorge e Lincoln Olivetti (1982)

  • Foto do escritor: João Casimiro
    João Casimiro
  • há 1 dia
  • 4 min de leitura

Bom noite pessoal.

Seguimos com indicações de vocês aqui no Clube. Lembrando que na descrição do grupo tem links para indicar albuns e também conferir as atividades passadas. Hoje a indicação é do Daniel Soares com o álbum Robson Jorge e Lincoln Olivetti (1982). O Daniel começa seu texto com uma frase bastante convidativa, vou até grifar. rsrs

Boa leitura e escuta:


Existe música que a gente escuta com os ouvidos. E existe música que invade o corpo inteiro, que te pega pelo quadril, te balança pela mão, te arrasta pra pista — mesmo que essa pista seja a sala da sua casa. Quando Robson Jorge e Lincoln Olivetti lançaram, em 1982, o álbum homônimo que eternizaria sua parceria, talvez nem eles soubessem que estavam moldando, a base de sintetizadores e suor, um dos discos mais emblemáticos da música brasileira. Um álbum que, décadas depois, ainda soa como novidade — como se o tempo tivesse respeitado sua modernidade. Robson e Lincoln nasceram com uma semana de diferença, em abril de 1954, e começaram suas trajetórias tocando em bailes suburbanos, absorvendo a malandragem sonora das pistas. Mais tarde, já consagrados como produtores e arranjadores, os dois viraram sinônimo de sofisticação pop no Brasil. Trabalharam com nomes gigantes da MPB — Caetano, Gal, Gil, Rita, Jorge Ben — e até com os astros da música popular televisiva, como Xuxa. Eles eram onipresentes. Gênios com uma assinatura sonora tão forte que chegaram a ser criticados por ""padronizar"" a música brasileira. Mas convenhamos: se havia um padrão, ele era impecável.
O álbum Robson Jorge & Lincoln Olivetti não é só um disco. É uma experiência. Uma obra onde cada faixa pulsa com energia, balanço e um nível de detalhe que beira a obsessão. Músicas como “Eva”, “Ginga”, “Squash” e o hino instrumental “Aleluia” convidam o corpo a se mexer antes mesmo que a cabeça compreenda o que está acontecendo. Pelo menos, para mim, é quase impossível ouvir sem sorrir. É pop, funk, disco e Brasil, tudo na mesma onda — com arranjos que brilham e linhas de baixo que grudam na alma. E aí vem o segredo: não é só o que foi tocado, mas como foi gravado. Pra além da musicalidade absurda, tem uma engenharia de som que faz esse álbum brilhar. Dá pra perceber, mesmo sem entender nada de áudio, que tudo soa impecavelmente limpo, pulsante, bem distribuído. Isso fica evidente com o uso magistral dos sintetizadores FM, uma das grandes inovações sonoras da época. Esses synths permitiram criar timbres brilhantes, percussivos e tridimensionais. Eles preenchem os espaços entre os metais, guitarras e baterias com uma elegância quase invisível. São colchões harmônicos, mas também flashes de protagonismo que tornam o som vibrante, moderno e cheio de textura.
A mixagem é outra aula à parte. Cada instrumento parece ter seu próprio lugar no universo: os metais vêm limpos, pontiagudos, com aquela sensação de que estão dançando em volta da cabeça; as guitarras falam baixo, mas com atitude; a percussão é precisa, como se cada batida soubesse exatamente onde quer chegar. É esse cuidado técnico — somado ao talento musical absurdo da dupla — que fez do disco uma lenda. E não é exagero: hoje ele é um dos vinis mais raros e cobiçados do país, tocado e remixado por DJs do mundo todo. Mesmo sendo o único álbum lançado oficialmente com os dois nomes no topo da capa, Robson Jorge & Lincoln Olivetti cravou seu lugar na história como um divisor de águas da música brasileira — influenciando desde Tim Maia até a nova geração da música eletrônica e do soul tropical. Mesmo com as críticas que vieram no auge da fama, mesmo com as perdas (Robson faleceu em 1992, e Lincoln em 2015, enquanto ainda produzia), o legado dos dois permanece pulsando — e recentemente foi reeditado em vinil, como um sinal claro de que há uma sede por redescobrir esse som. Ouvir esse álbum hoje é mais do que nostalgia. É perceber que alguns sons não envelhecem — porque nasceram no futuro. Se você nunca ouviu… faça esse favor a você."

FICHA TÉCNICA

Alto Saxophone – Oberdan Magalhães

Art Direction – Vera Roesler

Artwork – Tuninho De Paula

Backing Vocals – Reginaldo, Ronaldo, Tony Bizarro

Baritone Saxophone – Leo Gandelman

Bass – Jamil Joanes, Paulo Cezar Barros (faixas: A6, B1, B6)

Bongos, Congas, Tamborim, Percussion – Peninha

Drums – Mamão (faixas: A2), Paulinho Braga (faixas: B4), Picolé (faixas: A1, A3, A5, A6, B1, B2, B5,

B6)

Drums, Congas, Timbales, Surdo, Tamborim, Percussion – Ariovaldo Contesini

Electric Piano, Guitar, Bass, Synthesizer [Mini-Moog], Vocals, Vocoder – Robson Jorge

Electric Piano, Piano, Synthesizer, Synthesizer [Mini-Moog, Oberheim], Sequenced By [Sequencer] –

Lincoln Olivetti

Mastered By – José Oswaldo Martins

Percussion – Renato Britto (faixas: B1, B6)

Photography By – Frederico Mendes (2)

Producer – Max Pierre

Supervised By – Jorge Guimarães

Tenor Saxophone, Backing Vocals – Zé Carlos

Trombone, Backing Vocals – Serginho do Trombone

Trumpet – Bidinho, Marcio Montarroyos


PAÍS

Brasil


TIPO DE SOM

Electronic, Jazz, Latin, Funk / Soul, Fusion


LINKS


ree

Comentários


bottom of page